sábado, 29 de abril de 2017

PAPO DE LEIGO

Marido e mulher estão na sala, ela, folheando uma revista sem muito interesse e ele olhando distraidamente pela janela:
- Querida, já reparou como a noite está linda?
- não. - responde ainda com os olhos vagamente fixos na desinteressante revista.
O marido ainda com aquele otimismo que pode ofender uma dona de casa, à noite, já cansada, continua:
- Amanhã fará um lindo dia de sol!
- Você quer dizer "quente".
- Sério! as estrelas estão lindas!
- Muitas delas não estão mas lá.
- Eu sei! mas não é impressionante que mesmo tendo morrido ainda continuem brilhando?
- Acho que o brilho percorre delas era de quando eram vivas, elas, quando morrem, ouvir dizer, formam buracos negros.
- Olha querida, eu já ouvi falar disso, mas o que estou querendo dizer é que o brilho que encanta...
- Sabe o que um buraco negro faz?
- Não, mas...
- Ouvi dizer que sugam tudo ao redor, e que a matéria humana seria instantaneamente desintegrada em um deles.
- Tá! tá! - Exasperou-se - Querida,só estou querendo dizer que a noite está linda e que amanhã teremos um lindo dia ensolarado!
- Bom mesmo são dias nublados - falou tranquilamente finalmente deixando a revista de lado.

À essa altura o marido já perdendo o entusiasmo pela noite, indagou impaciente:
- Qual é o seu problema com o sol?
- Sabia que ele também é uma estrela?
- Deus do céu! Sabia! E daí?
- como assim e daí? Sendo uma estrela um dia ele irá morrer... Implodir ou explodir? Existem explosões no espaço?
Ele respirando fundo:
- Querida está vendo meu diploma de astrofísico ali na parede?
- Não...
- Claro que não! Porque ele não existe! Ou seja, não sei! Apenas contemplei a noite e...
- Implodir... Explodir, eu não sei, mas um dia esse lindo sol irá morrer, virar um gigantesco buraco negro e engolir não somente a Terra, mas toda a via láctea e se bobear adjacências.

Já sem paciência ele resolveu dar uma provocada:
- Sabe o que eu acho? Que depois de tudo isso que disse, você mesmo irá passar a noite ´torcendo para que o sol apareça pela manhã salvo e brilhante.
-  Na verdade, não/
- Posso saber a razão da segurança?
- Claro. Se o sol morresse nós seriamos sugados ou dizimados antes mesmo de piscar, 
- Tá bom, chega! Vou dormir!
- Mas querido, eu ia servir o jantar perto da janela para apreciarmos o céu!
- Boa noite!

J.Mendes


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